quarta-feira, 18 de março de 2015

Penso, logo escrevo


 penso, logo não escrevo - pensamento, machadinha do escrever (do meu, dos outros não digo pois não sei). oras, se faço uma pausa, é por quê penso se escrevo bem ou mal, se alguém lê e chora ou ri ou nada: mas isso lá não é comigo, escreve que é tua sina escritor!
 e é tanto pra escrever: eu abro as notícias (feed de, que jornal não leio), a tela pisca em desespero e só de bravura desço mais, desço até os infernos de três horas atrás. AINDA MORRO DE CONGRESSO penso eu, e se tem coisa que me cai mal hoje em dia é, sem dúvida, coxinha: dessas banhadas em óleo. dá até pra ensaiar o pensamento - "ô época difícil pra ser brasileiro" - mas aí cê pensa, "e lá teve época fácil pra brasileiro?" sei lá, sei lá. 
 não bastasse a bateção de panela no duplex - e a faculdade? que faculdade o que ô! tô vendo ainda, resolvi viver, meu gap year, a vida é curta, tô trabalhando, vou viajar... esperar até os 50, quem sabe lá eu descubro que rumo tomar. AH! quem dera eu fosse um Magalhães descobridor de mares - estou mais para aspirante a turista em Orlando. não há mais mares a desbravar. não há ilhas a descobrir. toma teu chapéu de mickey filho, segue na fila.
 e aqueles planos de se mudar pro japão hein? precisava de matemática. tocar piano? muito dedo. fiquei de escrever mesmo. quem foi que disse que bom escritor não vive grandes aventuras? avisem-me, procurarei matá-lx. verdade verdadeira, até pro amor a coisa anda na base do impeachment. quem destituiu aquele romântico inveterado e botou este ditador sonolento no poder? baixou o decreto da solidão compulsória. no fundo quer legalizar aquelas mensagens fofas, mas até agora de abertura democrática só anistiar aquelas músicas que deixam borocoxô.
 serão tudo trevas? sei lá, sei lá. escrevo por que preciso. se penso, não escrevo. escrever é minha arma - e há muito o que escrever.

domingo, 8 de março de 2015

O silêncio da casa


 o tempo parou
 pra ver tua respiração
 pesada

 foi assim
 súbito - tremendo - negro
 pedra jogada
 na água

 depois passou como sempre
 irreversível

 sobre o silêncio da casa
 mudado

sexta-feira, 6 de março de 2015

Morning


 I groan to the morning
 : stop
 splitting my eyelids

 it yet insist
 on lifting my body
 by expanding my ribs
 as I inhale birds
 and exhale dreams







Recados e avisos


 o poema disfarça
 tudo aquilo
 que quer ser dito

 tapa-sexo
 da mensagem
 verdadeira

 não se enganem pois - o poema é portanto
 tudo aquilo que o poeta pensa


quarta-feira, 4 de março de 2015

Invada este casulo


 invada este casulo
 faça dele
 morada

 troque as plantas
 da sacada
 espalhe quadros
 na sala

 eu já não moro aqui

 invada este casulo
 preencha-o
 de madrugada

 eu moro logo ali
 ao largo
 do nada