quinta-feira, 10 de julho de 2014

Explique-me


 onde perdi meus olhos?
 o que é este ronronar no peito?

  - animal desconhecido, calado, que me observa sem palavras nos olhos
  onde perdeu meus olhos?
  passado o porto dum desespero leve estou assim ... navegante em águas incertas.

  uma fita se desenrola, flutua, gesticula
  ouço uma sinfonia lenta que me abate aos poucos (é manhã)
  mas na boca, o azedo silêncio da ausência -
  contra o café doce. 

quisera
 teu pensamento
 entre minhas mãos
 fosse.

terça-feira, 8 de julho de 2014

Poema (ditado pelo espírito...) - III


 inseto
 teu som me desperta
 eu, atento ao vôo
 não - ao sono -
 me entrego

 inseto
 roídos muros
 faz morada
 de mim
 dentro

 entristece-me, inseto
 tê-lo dentro
 e não perto.

domingo, 6 de julho de 2014

Íntima


 esquina - caio prado
 alguém fuma
 cigarros

 da sua janela acesa
 fumaça
 abraços

podia ser eu
entre os dedos

 alma aos céus
    e o corpo queimando
     lento.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

Monólogo (trecho III)


 [ele] : joana, em verdade
           fecho meus olhos
           na tua ausência.

           sou apenas reminiscência.

           terei outras
           mas serei teu
           como sempre e antes

           entre velhas e secas amantes.

           você me perdoará
           até o novo amanhecer
           entre outros mares

           e marcas de semblantes.

Descobrimentos


 olha-te
 no espelho
 longamente

 fale-te
 grita-te
 espanta-te

 tenta-te
 lamber
 o joelho

 circunavega-te
 eterno
 quebra o encanto

 nada é pecado
 ao sul do queixo.

Sunset


 sunset