domingo, 3 de abril de 2016
Mensagens
sobretudo reluz, marca
d'água, junto a parca
voz que cala, fina e seca
abreviando a intenção
louca de pedir a ele que
veja, e entre meios disfarces
renuncie a razão torpe
te enviei um email em código morse
responda
mas não visualize
Viagem
zumbe murmurante e longe
voo noturno
sonho seu destino oculto;
em riscos incandescentes ruas
desenham sonos
desfazendo muros
domingo, 28 de fevereiro de 2016
Pra gostar de alguém VIII
faz um varal
de dentro
onde instantâneos secam lentos
cenas de noite, gozo ou memória
olha o aceno que contêm
e dum olho úmido para teu olho úmido
respeita o cheiro que exala
a memória de tocar
o corpo que carrega.
sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016
Pra gostar de alguém VII
aquele silêncio que ficou depois
que ninguém canta
entre fronha estante e veste
caída na entrada
estrada de beira, onde o mar
castiga a casa, passante e pássaro
apreenda
além da roupa, no chão,
também deixou cair
a nudez de dentro
desaprenda
pega essa nudez! veste
fica em silêncio uma tarde
silêncio entre fronha, estante e prece.
Pra gostar de alguém VI
do abismo que separa tua mão
da tua mente tua voz da tua palavra
tua boca do pensar tua vida
da tua morte
sente o vento que sopra
e sente, pelo olho, sobe
súbita crescente, tua
semente
no ser de alguém.
Para ser de menos
despejo um lamento
uníssono e inequívoco
mas torpe poema pesa
pende ao lado e torna
no chão, poças
bolhas espessas de peso
e pingam, pingam
pingam
de repente seco fica o canto
voz quebrada em caco
perplexo poeta paro
e rio
"o que houve?"
"não foi nada
só foi um copo
que caiu".
quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016
Poema bem bobo
cego para a chuva que cai lá fora
imagino
os turbilhões vazando rios
tinha até um mundo a dizer
mas sumiu
desfez-se na sinfonia torrente
a gente vive tão pouco pra se anuviar. melhor
chover lá fora
que aqui dentro.
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