quarta-feira, 27 de agosto de 2014
Marquise / Bobagem I
morta de medo
cai a marquise
de chuva
cai de assustada
na beirada
do pensamento
pobre marquise
enferrujada
pobre de mim
passeio
me veio cair na cabeça
esse anseio - loucura!
cair de partir-se no chão
- mil pedaços!
humano peito.
segunda-feira, 25 de agosto de 2014
Um outro conto (VI)
de "uma carta de ensinamentos e percepções para um pássaro"
"...
pois, afinal, quem lhe deu essa impressão de leveza?
você é pássaro segundo, bicho depressa. não se atente aos detalhes e verá, saberá, como dever ser estar só e caído de asa quebrada. olha a vida na relva e repara - repara o orvalho - repara o falso trigo. eis que talvez na tua vida depressa de bicho-voador não há nada que ver a relva e seus mistérios, mas ai, que dor ! aqui a vida vibra também, tem o vento...
eu nem sei explicar
teria você que vir e ver
a água pela manhã, que linda
num mundo tão difícil
eu até te vejo, pássaro
te vejo e te quero
na beleza dos detalhes.
..."
domingo, 24 de agosto de 2014
Teu
teu
cópia da cópia
de mil cópias
de xerox velha
um borrão
na memória
cópia da cópia
teu
ontem, hoje
e um outro dia
uma cópia da cópia
indistinta
sábado, 23 de agosto de 2014
Areia
entre papéis,
perda;
adentram cartas
pela soleira
você pergunta por nomes:
nomes se perdem
nomes se perdem
na areia
ficam as cartas
tantas !
contendo de amares
violência
ficam as cartas
tantas !
contendo de amares
violência
naufragados, fundo
na ausência
do século passado
a semana
inteira.
na ausência
do século passado
a semana
inteira.
sexta-feira, 22 de agosto de 2014
Rotary
a praça rotary
é um quadrado fixo
no meio da santa
ela encara
descrente
a falta do cheiro manhoso
do café, matutino
sinal
- a cafeteria point
está perdida
desde março desde ano de nosso senhor
meu deus
comércio e serviços
permanecem atônitos
os mendigos se questionam
eu: por quê?
mande lembranças
estamos à sua procura
como se as frases perdessem seu ponto final
arrítmicas
não haverão manhãs sem point; cafeteria
a praça rotary
é um quadrado atônito
na mirada
fixa.
terça-feira, 5 de agosto de 2014
Quis voar, barco
conta os dias,
com tua calculadora
de astros!
fica a sombra
no rastro
lastro meu! viga
prende-me em superfície
quis voar, barco
sem perceber...
flutuando no céu,
é do mar também,
a água.
Assinar:
Postagens (Atom)