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terça-feira, 25 de agosto de 2015

Um outro conto (VII)


 onde o mesmo vento levanta saia e reparte montes, digo: levantou um pó e corri atrás, igual...  uma criança especial me seguiria e entenderia o porquê onde outros olhariam sem compreensão. eu sigo o pó da estrada, e o medo de nuvens, meteoros, cacoetes, etc. 
 reparo no falso trigo e digo: é tão belo quanto. o falso trigo deveria se chamar algo novo: lúcigo. e os pássaros dependurados no lúcigo ficam bicando sementes, e seus detalhes minúsculos (uma mancha vermelha no peito como muitos de nós) excitam, cativam, beiram a loucura da vida. peço até pra não morrer mas morrer deve ser uma delícia muito única. quando se vai a Tokio sabendo que nunca voltará por que é longe e caro, e ver a baía e os prédios como a última primeira vez, um doce mordido uma única chance e pum passou. 
 de correr atrás do pó vi então o lúcigo o pássaro e a rua descambando em gente. tinha vento e vida vibrando, mas eu não ligo mais. a água nas valetas corre, e então não é paz mas é coisa concreta. as coisas dos homens se encontram com ela e escorrem furta-águas abaixo, presidentes e congressos. gritos se somam, onde marcham em muralhas mulheres e párias, e a gente pinta paredes de vermelho, dos olhos.
 passo por vielas
 pixei poemas
 que pássaros bicaram

 pixei sonetos
 li haikais



segunda-feira, 25 de agosto de 2014

Um outro conto (VI)


de "uma carta de ensinamentos e percepções para um pássaro"


 "... 

 pois, afinal, quem lhe deu essa impressão de leveza?
 você é pássaro segundo, bicho depressa. não se atente aos detalhes e verá, saberá, como dever ser estar só e caído de asa quebrada. olha a vida na relva e repara - repara o orvalho - repara o falso trigo. eis que talvez na tua vida depressa de bicho-voador não há nada que ver a relva e seus mistérios, mas ai, que dor ! aqui a vida vibra também, tem o vento... 
                            
                  eu nem sei explicar
 teria você que vir e ver

                                                                    a água pela manhã, que linda
                              num mundo tão difícil
          eu até te vejo, pássaro

          te vejo e te quero
na beleza dos detalhes.

..."

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Um outro conto (V)



de uma "carta de ensinamentos e percepções para um pássaro"

 "

 aprendi uma coisa ontem, é um pouco assustadora ... o que é estar só e ser só? nasceu uma rosa ao pé da jardineira do quarto, e ela é só, não há outra sequer no quintal. eu, entretanto, estou só. não sei explicar bem, mas não é algo como uma condição, é algo como uma passagem por mim, uma conversa muito íntima. todas as emoções devem existir plenas e sinceras. muito mais que querer ser feliz com alguém é preciso querer ser triste e preguiçoso e pleno com alguém também. você precisa aprender a dividir seus voos mais baixos com a relva, passarinho ...

"

Um outro conto (IV)


 "

 estou num lugar anônimo onde a vida real se descortina, nada é impressão ou fugacidade, tudo é amplo e vivo e cada gesto se desenrola em outros gestos infinitos. estou aqui onde invento e queimo a palavra amor.
 é aqui também onde me engano. paredes espelhadas mostram a saída infinita que nunca se completa.
 um dia portanto foi com muito susto que constatei, enquanto dormia, que uma sombra me encarava fixa   ... dum corpo estendido no chão.

 "

Um outro conto (III)

"

 vende-se a história de um garoto que, aos quinze anos, se apaixonou por um balão.

"

Um outro conto (II)


 "

  às vezes na bagunça das estantes, acordando cedo tomando o café com a samambaia me olhando frívola - só pra constar o amanhecer do Sol - penso se ele imagina de leve que eu tomo meu café diluindo minhas lembranças pois detesto café solúvel, destatuando das minhas pernas o cansaço das saídas e desalmando o mundo, roubando qualquer fleuma dos sorrisos espontâneos e discutindo amor como discutimos as coreias aos meio termos ... até acho graça. depois acho mais graça pois já troquei de pensamento ao flutuar sobre o que farei com um novo dia, estou achando o mundo tão frívolo ... se fosse escrever um livro, me inspiraria num pequeno príncipe travesso, matando a rosa de indiferença e a raposa de desgosto ... ninguém define o que é amar hoje em dia. é preciso ser gauche, diria o anjo. procurar uma boa cova pra tudo que morre dentro da gente e, depois, lamber a margarina dos dedos que escorre do pão.
 depois penso em nomeá-lo e, tendo minha bacia batizado-o ao revés levando embora a palavra destino, fico só com essa corrente de tempo sem nome, acasos ordenados. será que o acaso me imagina ou prefere me evitar? me eleve ...

"

Um outro conto


 "
   não escreva poesias nas tuas cartas (milena). me aborrecem os versos.

   crie borboletas, seque suas asas, mande-me-as impressas

   depois, morra.

"