terça-feira, 4 de agosto de 2015

Eu andei na rua e me gritaram


 sra H, minha próxima mensagem pra você vai começar assim: hoje eu explodi meu cu de tanta vontade de cair num bueiro. não mentira, vai começar assim: 
 olá sra H., hoje eu me olhei no espelho e tive uma vontade de escrever um poeminha sabe? e a vida anda tão assim assim assado assado, ui ui ui. que conflito que dor que linda a vida. vamos ser felizes né? compre um carrinho mas cuidado com o planeta, carinho no cu é uma delícia, eu mereço quem me ama mas desde que seja poliamor: por que né, a geração dos meus pais etc?
que caralho, né sra H, hoje eu quero me pulverizar em graça divina e o que eu consigo? outra rachadura, um vinco seco que dói dentro. levanto, ando, me lavo, como se não fosse tudo grave, tudo por um triz. verdade, sra H: eu bebo, e caio, e danço, como se nada fosse grave também - mas é preciso distrair-se, performar. se eu fosse a verdade, seria | olá sra H. na almofada, sob o sol, eu ouvi o dia correr por mim. minha pele se excita. um pássaro pousou em mim. os anos passaram | mas não é. eu tenho digitais sobre o corpo, e os dedos deixaram marcas de dinheiro roubado. eu acuso quem me toca. e quem me diz: vamo brincá de esquecer?
 eu uso celular em postos de gasolina só pra poder brincar de perigo. eu andei na rua e gritaram: vai viado. um elogio à loucura. 
 

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