segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Fonte carmim em campo violeta


 sabe o que me assusta? a mensagem violenta, o poeta terno antes. hoje estamos violeta, onde deus planejou carmim. campos sedosos de carne rubra, cobertos _ são tempos difíceis, sra H, as pessoas roubaram dos bichos os olhos opacos. nós preferimos ver nada. mas e eu que vi, em terra de cego, sou ... 
 pois fizeram assim, jogam aos cães ossos, e o poeta falou de amor lambendo seu ossinho. também as crianças. mas o quê vi, sra H, não tem meio termo. é coisa sangrenta, que sai dos poros, e não fica tenra - vira terra - e se envolve profunda lá embaixo. pra que eu não saiba dizer o que eu nunca soube. nem com os ossinhos.
 _ eu que vi, sou medusa no espelho. petrifiquei não de susto nem magia, mas pela intriga (não me reconheci). não posso ser rei. enlouqueci.
 quando no desespero, me apaixono ainda mais pelo que vejo. quero despir quem eu sou daquilo que me envolve e me apresentar não como vim ao mundo - mas como era antes, de sê-lo. o que vi estancaria, portanto. talvez até brilhassem os olhos opacos, lagos secos. meu medo é não me entenderem, eu disse sra H _ meu medo é ficar em silêncio sozinho, eu disse, sra H. o que eu vi não é do Mundo, é desse mundo apenas. antes eu via apenas os ossos que me jogavam, e falava: amo. um cu hoje eu disse, sra H. à merda com tudo isso, eu disse, sra H. quero que me digam que morri, e na água virei novo ser, como um batismo: porém que me retirem o nome.
 sob este nome que me deram, há o corpo que não compreendo. nele procuro o estado de sítio. hão de encontrar, conquistadores, à exemplo dos bérberes no deserto: fontes carmim em campos violeta.

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