[...] oferecer um amor sem nada, amor de querer-ser
astronauta, por tartaruga e céu. saber a beleza infinita das coisas nunca
acaba, e de tocaia mora o medo do escuro, que não é escuro de menino mas é
escuro de homem. no fim é sempre aquiescer e oferecer a maior parte à quem se
ama, ainda que se ame um pouco – menino é desconfiado – e ficar calado quando o
que se tem pra dizer é tão grande que não se tem nada a dizer.
quarta-feira, 12 de dezembro de 2012
segunda-feira, 26 de março de 2012
A Pequena Ana IV
Difusa na noite, como luz viajante, Ana
quase se perdeu, luz que não é grande nem pequena e é apenas sem pretensão,
como se fora tudo que há. Ana porém seria sempre de natureza pequena, e assim
se permitiu humildemente parar e, luz estática, contemplar o céu. Diante do
firmamento estendido se fez a felicidade e a tomou como um todo, pois na luz
cabia o que fosse: brilhou em si e fora de si, sentindo-se fração humilde do
céu tapete a contemplar. Ofuscou com sua
luz estrelas que morriam e brilhou mais que o dia que virou noite – mas também
sentiu compaixão que é da natureza das coisas pequenas senti-la. E cedeu seu
brilho as estrelas que se apagavam, fez do dia ofuscado mais brilhante e ficou
com o suficiente para brilhar nos olhos de alguém.
Sentou para descansar num cometa e se viu
pequena novamente – e garota. O cometa aterrissou num campo enorme e ela desceu
com cuidado – nesse campo estava um homem a arar e ao vê-la seus olhos
brilharam para todo o sempre.
Ela continuou caminhando até encontrar
seu noivo, com um lenço na cabeça humilde sorria e perguntava quase silenciosa:
Bom dia. Você viu o meu amor? É um homem cujos olhos brilham. Em minha pupila
repousa sua imagem. Em sua pupila eu procuro repousar.
quarta-feira, 7 de março de 2012
A Pequena Ana III
Soube que, também antes de
desaparecer, Ana decidiu morar numa caixa de fósforos com seu noivo, quando já
grande no amor mas descobriu que ainda era pequena por fora. Todo domingo ele
acendia um fósforo, a luz a ofuscava. Um dia porém sem fósforos ele a acendeu e
ela o ofuscou, sorrindo, era verdade então que no amor não era só grande mas
era luz, luz que não pode ser grande mas pode ser forte, que se espalha – Ana
se espalhou por ele e fugiu da caixa num brilho no escuro, e se dissipou na
noite. Mas ela ainda não havia sumido por completo.
quinta-feira, 1 de março de 2012
A Pequena Ana II
Antes de sumir por completo como coisa pequena, Ana noivou um homem. Nada coube senão uma longa fita branca que foi seu vestido. Mas Ana que já havia saboreado amor e não lhe coubera decidiu não sentir mas ser sentida, foi assim que o amor sentiu Ana, e Ana sentida no amor ficou grande, a fita ficou pequena no que se seguiu e foi preciso a bruma de todo um lago.
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