segunda-feira, 26 de março de 2012

A Pequena Ana IV


Difusa na noite, como luz viajante, Ana quase se perdeu, luz que não é grande nem pequena e é apenas sem pretensão, como se fora tudo que há. Ana porém seria sempre de natureza pequena, e assim se permitiu humildemente parar e, luz estática, contemplar o céu. Diante do firmamento estendido se fez a felicidade e a tomou como um todo, pois na luz cabia o que fosse: brilhou em si e fora de si, sentindo-se fração humilde do céu tapete a contemplar. Ofuscou  com sua luz estrelas que morriam e brilhou mais que o dia que virou noite – mas também sentiu compaixão que é da natureza das coisas pequenas senti-la. E cedeu seu brilho as estrelas que se apagavam, fez do dia ofuscado mais brilhante e ficou com o suficiente para brilhar nos olhos de alguém.
Sentou para descansar num cometa e se viu pequena novamente – e garota. O cometa aterrissou num campo enorme e ela desceu com cuidado – nesse campo estava um homem a arar e ao vê-la seus olhos brilharam para todo o sempre.
Ela continuou caminhando até encontrar seu noivo, com um lenço na cabeça humilde sorria e perguntava quase silenciosa: Bom dia. Você viu o meu amor? É um homem cujos olhos brilham. Em minha pupila repousa sua imagem. Em sua pupila eu procuro repousar.

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