Difusa na noite, como luz viajante, Ana
quase se perdeu, luz que não é grande nem pequena e é apenas sem pretensão,
como se fora tudo que há. Ana porém seria sempre de natureza pequena, e assim
se permitiu humildemente parar e, luz estática, contemplar o céu. Diante do
firmamento estendido se fez a felicidade e a tomou como um todo, pois na luz
cabia o que fosse: brilhou em si e fora de si, sentindo-se fração humilde do
céu tapete a contemplar. Ofuscou com sua
luz estrelas que morriam e brilhou mais que o dia que virou noite – mas também
sentiu compaixão que é da natureza das coisas pequenas senti-la. E cedeu seu
brilho as estrelas que se apagavam, fez do dia ofuscado mais brilhante e ficou
com o suficiente para brilhar nos olhos de alguém.
Sentou para descansar num cometa e se viu
pequena novamente – e garota. O cometa aterrissou num campo enorme e ela desceu
com cuidado – nesse campo estava um homem a arar e ao vê-la seus olhos
brilharam para todo o sempre.
Ela continuou caminhando até encontrar
seu noivo, com um lenço na cabeça humilde sorria e perguntava quase silenciosa:
Bom dia. Você viu o meu amor? É um homem cujos olhos brilham. Em minha pupila
repousa sua imagem. Em sua pupila eu procuro repousar.
Um comentário:
Parece um sonho...
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