quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Tentativa de contar uma história


 vamos contar agora uma história simples, sem palavras gordinhas ou destiladas: era uma vez... ou não era uma? eram duas? eu não sei ou não me lembro bem...

 "o vento estava recheado de palavras". que lugar comum, falar do vento... só eu sei o que quero dizer com isso - no entanto, houve um vento essa tarde, cheio de garoa e recheado de poemas não-escritos, eu soprava pra calçada procurando o fio da meada e só encontrava ladrilhos. não me preocupei por que eu também não precisava me explicar, apenas seguir.

 olha: minha história assim se complicando... quero atingir a simplicidade para poder me entender. vamos dizer então que era assim: não tinha mais vez, eram dois e um só (queria pular no céu). mas como pular no céu se estamos caminhando na superfície do mundo? você se lembra: o céu também está no reflexo dos olhos, e eu posso pular neles, mergulhar como mergulho na água fria do atlântico sul, meu querido e amado atlântico sul.

 talvez eu mal saiba contar histórias. às vezes eu admiro os ladrilhos da calçada e penso no atlântico sul e nos seus olhos. e nada disso faz mais sentido quanto minha cabeça pretende querer inventar, e estou me contentando em não fazer sentido nunca... talvez por que isso há de me fazer contente de fato.

 era pra contar uma história? lá vai - era uma vez alguém (não eu) caminhando por aí ao lado de alguém (não você). pelas calçadas por aí, esse alguém ficou olhando os ladrilhos do chão pensando em mares do sul, o único que de fato conhecia. assim como o mar, ladrilhos tem um brilho aquoso, aquele dos olhos... dá uma desejo de mergulhar lá dentro (dos seus olhos). talvez lá, uma ilha ? e quando você olhar o céu, mergulhar no céu. pode ser que esse alguém nunca chegue de tanto olhar pras calçadas por aí, pensando em mares do sul... não faz mal nunca chegar. não importa. importa é caminhar, é seguir em frente, é ficar assim, mergulhar no silêncio e beber dele. 

 ***

 caminhando por aí talvez eu encontre comigo bebendo uma cerveja e falando de intermitências... com o olhar vago de alguém que entende estrelas e mares. por enquanto, no entanto, estarei aqui, escrevendo as pistas que deixo para o futuro me decifrar.

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