sábado, 8 de junho de 2013
Poema meio sentimental (Maria II)
se você estivesse aqui,
maria
diante dessa aurora,
rajando o céu
seu coração ... face
ganharia um par de asas,
eternas
sua sombra seria minha
todas as outras seriam
versos ...
maria, esta aurora é da cor,
das poesias que fazem o meu coração ...
quinta-feira, 6 de junho de 2013
(o meio de um conto sem começo nem fim)
acordar é estar orvalhado, ser acordado é lembrar de cicatrizes, orvalhar é estar fora de si _ sereno.
andei ficando bravo. é pra ficar bravo? não sei, conta pra mim? tenho ficado bravíssimo como os aplausos duma peça de um ato. meus gestos crescem pra além de mim e me transpassam, horrorizados de serem meus: ele num crime tirou meus olhos da paisagem mas não tirou a paisagem dos meus olhos - o que serão as nuvens que estacionam na íris-esquerda, distantes e róseo-purpuras? são sonhos por viver ou só depois de esquinas sujas e corpos corpos usados? você: um corpo. mas, e eu? que sou eu? essa pergunta universal move meu gesto gigante me varando o ser, sem-blanche (apenas noir), preocupadíssimo. é com pudor que recordo do único momento em que nosso olhar se cruzava sem medos, animais. sinto um arrepio de nojo e uma tristeza corrente pela inocência onde me afogo e embebedo - entretanto agora ela está morta, cega. acabou. fiquei com a paisagem apenas, um objetivo ou um assunto, mas a inocência: essa despertou. o que é um menino sem inocência senão uma sentença de morte que não se cumpre?
parece que, sem querer, amanheceu.
andei ficando bravo. é pra ficar bravo? não sei, conta pra mim? tenho ficado bravíssimo como os aplausos duma peça de um ato. meus gestos crescem pra além de mim e me transpassam, horrorizados de serem meus: ele num crime tirou meus olhos da paisagem mas não tirou a paisagem dos meus olhos - o que serão as nuvens que estacionam na íris-esquerda, distantes e róseo-purpuras? são sonhos por viver ou só depois de esquinas sujas e corpos corpos usados? você: um corpo. mas, e eu? que sou eu? essa pergunta universal move meu gesto gigante me varando o ser, sem-blanche (apenas noir), preocupadíssimo. é com pudor que recordo do único momento em que nosso olhar se cruzava sem medos, animais. sinto um arrepio de nojo e uma tristeza corrente pela inocência onde me afogo e embebedo - entretanto agora ela está morta, cega. acabou. fiquei com a paisagem apenas, um objetivo ou um assunto, mas a inocência: essa despertou. o que é um menino sem inocência senão uma sentença de morte que não se cumpre?
parece que, sem querer, amanheceu.
terça-feira, 4 de junho de 2013
Ex-cêntrico
foi engraçado
um dia - remetente
no outro - destinatário
quando dei por mim
a mensagem na garrafa
traguei
talvez fosse gole de ilusão
em inversos destilados
sei apenas que até hoje
vomito coisas jamais ditas.
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Poema de alguém olhando as nuvens (ou Lembre-se de mim)
_ evito tropeçar
nos meus próprios sorrisos
um dia te esbarro
ilícito!
_ te peço um cigarro aceso
pra queimar
o momento
_ vou te atropelar no tempo
testar sua simplicidade
ver se moram ainda minhas
quaisquer coisas sem nome
no teu futuro coração.
_ quem sabe eu te encontro crescido?
mas ainda menino
quando a gente não lembre
de acordar...
sábado, 1 de junho de 2013
bolha nº 3 (translúcida)
bolha
translucida - nasce, secreta
sopro-a
quero-a tanto
que estoura!
multiplica-se
fraciona-se
parte-se em brilhos
turvas gotas
bolha translucida
transversal
à inversa lucidez
da luz.
bolha nº 2 (opaca)
... eu queria contar essa história pra alguém. essa história que nunca começa, pois precisa ser contada. como um bordado não existe sem que o tecido seja, primeiro, violado, e a linha o trespasse. não quero divagar. a história nunca começa, sopro as bolhas pra que sejam eternas - mas tornam-se eternos os sopros, morrem as bolhas. as bolhas são mais bonitas, porém. também são as crias que não vingam. e os sonhos que morrem, as falas interrompidas.
a certeza de que você vai morrer é uma lança que, me cortando, não dói. talvez porque você não signifique nada ainda, talvez amanhã. você é uma bolha que eu soprei - preciso encontrar o sopro. que permanece.
bolha nº 1
se alguém olhasse bem perto da bolha e visse um universo? nesse universo vivem seres que se perguntam coisas de luzes, de narizes rarefeitos, corpos limpos. a bolha dura um tempo de vento soprar além do muro da casa para rua (espanto e felicidade do gerador da bolha) - nesse tempo único nós deuses estivemos na presença dos seres rarefeitos de narizes, da bolha nascidos, que meio tempo entre a brisa e o estouro tiveram a ousadia de se perguntarem - quem somos eles?
***
antes de se esvair em sabão e gotas, no universo um poeta existia. tiveram a ousadia também de possuir poetas e escreviam coisas. nós deuses não pudemos (mas teríamos) classificado-as grama e filo e mentirosamente tal qual boi em pasto a palavra que emanou da bolha.
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