quarta-feira, 25 de novembro de 2015
sábado, 24 de outubro de 2015
Impressões duma Viagem
crianças travessas
em festas de tranças
estreitas travessas
impressas nas casas
travas em portas
por frestas olhavas
furta-águas, furtiva
vazia pressa, rua calma
alguém atravessava
eu atravessias
vazia pressa, rua calma
alguém atravessava
eu às travessias
sexta-feira, 23 de outubro de 2015
Ocupemo-lo
descendo as escadas, aquele degrau no qual se pisa
sem que haja degrau
susto misto
de medo, desconhecido e pulo
vamos entrar lá
deus não conhece essa indecência
eu imaginei esse vácuo
ocupemo-lo
terça-feira, 25 de agosto de 2015
Um outro conto (VII)
onde o mesmo vento levanta saia e reparte montes, digo: levantou um pó e corri atrás, igual... uma criança especial me seguiria e entenderia o porquê onde outros olhariam sem compreensão. eu sigo o pó da estrada, e o medo de nuvens, meteoros, cacoetes, etc.
reparo no falso trigo e digo: é tão belo quanto. o falso trigo deveria se chamar algo novo: lúcigo. e os pássaros dependurados no lúcigo ficam bicando sementes, e seus detalhes minúsculos (uma mancha vermelha no peito como muitos de nós) excitam, cativam, beiram a loucura da vida. peço até pra não morrer mas morrer deve ser uma delícia muito única. quando se vai a Tokio sabendo que nunca voltará por que é longe e caro, e ver a baía e os prédios como a última primeira vez, um doce mordido uma única chance e pum passou.
de correr atrás do pó vi então o lúcigo o pássaro e a rua descambando em gente. tinha vento e vida vibrando, mas eu não ligo mais. a água nas valetas corre, e então não é paz mas é coisa concreta. as coisas dos homens se encontram com ela e escorrem furta-águas abaixo, presidentes e congressos. gritos se somam, onde marcham em muralhas mulheres e párias, e a gente pinta paredes de vermelho, dos olhos.
passo por vielas
pixei poemas
que pássaros bicaram
pixei sonetos
li haikais
terça-feira, 11 de agosto de 2015
Amor 2015
você me pede por um número
me recebe de bandeja
leva até sua mesa
abre a embalagem
e me come - com molho
e os restos vão, certeiros
pro fundo
do lixo
terça-feira, 4 de agosto de 2015
Eu andei na rua e me gritaram
sra H, minha próxima mensagem pra você vai começar assim: hoje eu explodi meu cu de tanta vontade de cair num bueiro. não mentira, vai começar assim:
olá sra H., hoje eu me olhei no espelho e tive uma vontade de escrever um poeminha sabe? e a vida anda tão assim assim assado assado, ui ui ui. que conflito que dor que linda a vida. vamos ser felizes né? compre um carrinho mas cuidado com o planeta, carinho no cu é uma delícia, eu mereço quem me ama mas desde que seja poliamor: por que né, a geração dos meus pais etc?
que caralho, né sra H, hoje eu quero me pulverizar em graça divina e o que eu consigo? outra rachadura, um vinco seco que dói dentro. levanto, ando, me lavo, como se não fosse tudo grave, tudo por um triz. verdade, sra H: eu bebo, e caio, e danço, como se nada fosse grave também - mas é preciso distrair-se, performar. se eu fosse a verdade, seria | olá sra H. na almofada, sob o sol, eu ouvi o dia correr por mim. minha pele se excita. um pássaro pousou em mim. os anos passaram | mas não é. eu tenho digitais sobre o corpo, e os dedos deixaram marcas de dinheiro roubado. eu acuso quem me toca. e quem me diz: vamo brincá de esquecer?
eu uso celular em postos de gasolina só pra poder brincar de perigo. eu andei na rua e gritaram: vai viado. um elogio à loucura.
segunda-feira, 3 de agosto de 2015
Fonte carmim em campo violeta
sabe o que me assusta? a mensagem violenta, o poeta terno antes. hoje estamos violeta, onde deus planejou carmim. campos sedosos de carne rubra, cobertos _ são tempos difíceis, sra H, as pessoas roubaram dos bichos os olhos opacos. nós preferimos ver nada. mas e eu que vi, em terra de cego, sou ...
pois fizeram assim, jogam aos cães ossos, e o poeta falou de amor lambendo seu ossinho. também as crianças. mas o quê vi, sra H, não tem meio termo. é coisa sangrenta, que sai dos poros, e não fica tenra - vira terra - e se envolve profunda lá embaixo. pra que eu não saiba dizer o que eu nunca soube. nem com os ossinhos.
_ eu que vi, sou medusa no espelho. petrifiquei não de susto nem magia, mas pela intriga (não me reconheci). não posso ser rei. enlouqueci.
quando no desespero, me apaixono ainda mais pelo que vejo. quero despir quem eu sou daquilo que me envolve e me apresentar não como vim ao mundo - mas como era antes, de sê-lo. o que vi estancaria, portanto. talvez até brilhassem os olhos opacos, lagos secos. meu medo é não me entenderem, eu disse sra H _ meu medo é ficar em silêncio sozinho, eu disse, sra H. o que eu vi não é do Mundo, é desse mundo apenas. antes eu via apenas os ossos que me jogavam, e falava: amo. um cu hoje eu disse, sra H. à merda com tudo isso, eu disse, sra H. quero que me digam que morri, e na água virei novo ser, como um batismo: porém que me retirem o nome.
sob este nome que me deram, há o corpo que não compreendo. nele procuro o estado de sítio. hão de encontrar, conquistadores, à exemplo dos bérberes no deserto: fontes carmim em campos violeta.
sob este nome que me deram, há o corpo que não compreendo. nele procuro o estado de sítio. hão de encontrar, conquistadores, à exemplo dos bérberes no deserto: fontes carmim em campos violeta.
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