segunda-feira, 26 de março de 2012

A Pequena Ana IV


Difusa na noite, como luz viajante, Ana quase se perdeu, luz que não é grande nem pequena e é apenas sem pretensão, como se fora tudo que há. Ana porém seria sempre de natureza pequena, e assim se permitiu humildemente parar e, luz estática, contemplar o céu. Diante do firmamento estendido se fez a felicidade e a tomou como um todo, pois na luz cabia o que fosse: brilhou em si e fora de si, sentindo-se fração humilde do céu tapete a contemplar. Ofuscou  com sua luz estrelas que morriam e brilhou mais que o dia que virou noite – mas também sentiu compaixão que é da natureza das coisas pequenas senti-la. E cedeu seu brilho as estrelas que se apagavam, fez do dia ofuscado mais brilhante e ficou com o suficiente para brilhar nos olhos de alguém.
Sentou para descansar num cometa e se viu pequena novamente – e garota. O cometa aterrissou num campo enorme e ela desceu com cuidado – nesse campo estava um homem a arar e ao vê-la seus olhos brilharam para todo o sempre.
Ela continuou caminhando até encontrar seu noivo, com um lenço na cabeça humilde sorria e perguntava quase silenciosa: Bom dia. Você viu o meu amor? É um homem cujos olhos brilham. Em minha pupila repousa sua imagem. Em sua pupila eu procuro repousar.

quarta-feira, 7 de março de 2012

A Pequena Ana III



Soube que, também antes de desaparecer, Ana decidiu morar numa caixa de fósforos com seu noivo, quando já grande no amor mas descobriu que ainda era pequena por fora. Todo domingo ele acendia um fósforo, a luz a ofuscava. Um dia porém sem fósforos ele a acendeu e ela o ofuscou, sorrindo, era verdade então que no amor não era só grande mas era luz, luz que não pode ser grande mas pode ser forte, que se espalha – Ana se espalhou por ele e fugiu da caixa num brilho no escuro, e se dissipou na noite. Mas ela ainda não havia sumido por completo.

quinta-feira, 1 de março de 2012

A Pequena Ana II



 Antes de sumir por completo como coisa pequena, Ana noivou um homem. Nada coube senão uma longa fita branca que foi seu vestido. Mas Ana que já havia saboreado amor e não lhe coubera decidiu não sentir mas ser sentida, foi assim que o amor sentiu Ana, e Ana sentida no amor ficou grande, a fita ficou pequena no que se seguiu e foi preciso a bruma de todo um lago.

domingo, 11 de dezembro de 2011

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 você vê aquela ilha longe
  onde a linha do horizonte
  parte o mundo ao meio?

 você vê aonde quebram
  as ondas tristes no arrecife
  onde um barco naufragou?

 você vê os restos vagos
 que na praia descansaram
 sem saber pra onde ir?

 sou eu.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A pequena Ana


 Ana era uma garota pequena, mas tão pequena que era assombroso tocar seus braços, que se partiriam e virariam cacos de gente. Um dia ela disse qualquer coisa de amor.

 E não era possível acreditar que num ser tão pequeno cabesse qualquer sentimento muito grande. Talvez um dia ela não suportasse, mas ela sumiu como é da natureza das coisas pequenas. E foi isso.

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Explicação

Eu queria te dizer algo, mas as palavras foram se fundindo, até que as palavrasjánãofaziamsentidoeficaramperdidasneostpeaçmopo.