quinta-feira, 25 de abril de 2013

Uma carta (outra)


 _ o espelho não me vê mais. quando passou um pássaro pra consolidar a perdição me dei conta de crescer a casca, belo invólucro de homem adormecido mas ah, se você me procurar estou olhando da janela do trem os prédios velhos, tão maiores que eu, em busca de amores fáceis, facas e punhais, dilacerações entre casos de polícia. eu pequeno entre altos prédios marrons de mãos dadas com minha mãe. entre as ruas do susto e do deslumbre, me perdi, olho para o alto vendo passar cicatrizes e sombras, coisas assim menos efêmeras (as sombras dos homens são a mesma sombra) - não posso olhar pra trás nem pra frente - apenas para onde meu infinito começa - acima.

cof cof 

   sem me esquecer de que isso é uma carta sem lição alguma prum destinatário ignorado/ante, mande beijos pra mamãe e diga às mães do brasil todas - um beijo. mando na carta também as cinzas de outra carta que contém um poema de amor sobre cinzas ... de nada vale o amor senão para queimá-lo em cartas (dizem os mestres na arte).

ps.: na segunda estrofe, substitua a palavra constância por um pedaço de carvão.

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