terça-feira, 21 de maio de 2013

Poemas anônimos ( I, II, II )


I

 inútil seria te ouvir ou ver.

 há muito as ideias estão párias ou célebres
 gravadas em cristais trincados.

 portanto, seria inútil tocar-te
 hoje ou antes. sei da fragilidade do tempo

 estou só como uma mulher que, no trânsito
 ilhada em destinos de outrem
 vende passatempos e doces. delicada forma.
 presa entre passagens
 sem ir a lugar algum.

 II

 entretanto, procuro-te.
 mesmo sendo inútil a ti tocar ou ter.

 já não navegam em funções de amor
 as razões, pássaros espontâneos - madrugam, apenas
 invernais. procuro-te em fuga.
 fuga de mim.
 dum fluxo atemporal
 que julgo meu.

 III

 sons exangues são aqueles das canções
 onde se violam dor em canto.
 (poemas violados em deleite)

 porém não são como coisas vivas,
 encontradas em matéria morta.
 assemelham-se às estrelas que batizamos
 pois, assim nomeadas, ganham o dom da fala
 cremos ouvi-las, sem entretanto

 compreender.

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