sexta-feira, 24 de maio de 2013

Santa Cruz - Vergueiro


 tomo a cerveja de vazio pra poder ficar levemente tonto antes de chegar na estação. é assim também o que se faz com a ausência duma imagem ou corpo: a gente puxa a linha fina da memória quando há fome, aí pra aplacar a tontura um docinho ou uma cerveja, um filminho francês cai bem numa tarde assim ... eu escrevo.

 antes de chegar à estação. santa cruz - vergueiro oito e meia da noite. as pessoas passam por mim sem muito sono ou consciência. derrubo um gole de cerveja na roupa se espalha o cheiro ... juro que poderia ser pieguice - no entanto há um perfume relativamente barato que me segue ... posso jurar por deus caso houvesse ou haja de sobretudo na noite clara. termino a cerveja onde termina a domingo de morais perto da rua do paraíso e termina o desejo de seguir - tonto. estou me perguntando silencioso várias coisas. não há carros que superem as perguntas. a pracinha escura de tocaia observa a vinte e três de mais de cima. tudo que possuo é em forma, uma vontade. a de entender como não foi, na memória, ele pedir assim, calmo _ olha, eu sei disso, mas eu queria que você ficasse ... _ olhasse da janela ... _ me salvasse aos poucos _ então não sei (sorrisos) ; se seguindo um rascunho de promessa e a gente olhando a contemporaneidade do mundo fica incrédulo, mas somos assim jovens e os peitos abertos, só que ... simplesmente entender porque um barco se choca em alto mar com outro barco vazio é extemporâneo, permanece fora até mesmo da irrealidade, entendo.
 chego na estação de novo e ali estou, mais um garoto por que não passamos todos de garotos, meu rosto está tão desfigurado que eu sigo pra casa sem que ninguém perceba que meu nome é ou está " _ " 

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